Ecos
Os primeiros ecos assopram
Ressoam e se encontram no meio do caminho
Tomam outras disformas
Reassopram e criam esperanças
Que os trabalhadores se vejam, se encontrem
Se conversem e se convirjam
Em outros sopros que ecoam
Nos primeiros sopros do caminho
E nessa ecologia de ventos
Que as notícias idas e vindas
Transformem os ventos em brisas
Que assoprem coisas boas em nossos ouvidos
(Mário Camargo)
23/09/2017-10h43
Diante da atual situação política do Brasil, em que o governo Temer e os banqueiros avançam com força total contra os direitos da classe trabalhadora e os serviços públicos, quando a intolerância e o ódio crescem a cada dia e a grande mídia propaga como único caminho a redenção a essa política de retorno à escravidão, ressoam ecos de resistência e esperança.
Diversas vozes, que amplificam e propagam a possibilidade de transformações e de um mundo novo, se encontraram no primeiro Encontro de Comunicação do Sinasefe, o ECOS, realizado nos dias 23 e 24 de setembro, em Brasília.
Durante esses dois dias, 19 homens e 19 mulheres, representando 18 estados, mergulharam no universo da comunicação sindical e refletiram sobre o trabalho desenvolvido pelo sindicato nacional e por suas seções sindicais, traçando ações e proposições no sentido de avançar na luta da classe trabalhadora e encarar seriamente a disputa ideológica cada vez mais radicalizada no Brasil.
Um marco na história do Sinasefe, a realização do primeiro ECOS reforça a centralidade da devida valorização da comunicação sindical da entidade nacional e de suas seções, diante dessa conjuntura de embates determinantes para o país. Representa, ainda, a possibilidade de potencializar o trabalho desenvolvido por 25 profissionais, espalhados de norte a sul do Brasil, e por dirigentes sindicais que se embutem da tarefa de utilizar a comunicação com um papel estratégico de formação, informação e disputa de narrativa ideológica.
Entretanto, para que a comunicação cumpra seus objetivos, oferecendo aos servidores da Rede Federal e demais trabalhadores e estudantes o suporte para ir à ação e à luta, é preciso compreender a urgência de respeitar e valorizar os trabalhadores desta área.
A garantia dos direitos dos profissionais que atuam na comunicação dos sindicatos, tanto nacional quanto nos estados, deve ser uma constante nas entidades. Além dos direitos mínimos previstos em lei, é preciso oferecer condições de trabalho dignas, fortalecimento estrutural, com investimentos em equipamentos e materiais, e um ambiente livre de assédios. Essa garantia se conecta diretamente à compreensão de que a luta da classe trabalhadora é uma só, e dirigentes sindicais devem buscar não reproduzir, com os funcionários dos sindicatos, práticas de opressão e negação de direitos duramente denunciadas em suas militâncias.
Os profissionais presentes no evento demonstraram trabalhar com bastante entrega para possibilitar o fortalecimento da comunicação sindical, ferramenta fundamental para propagar a política do sindicato, a luta da classe trabalhadora e oferecer uma informação de qualidade com ótica diferenciada da mídia burguesa. Entretanto, esta ação dos comunicadores, para dar bons frutos, precisa do ostensivo engajamento das direções sindicais em ações do cotidiano, tanto no mundo virtual, como, principalmente, com o estabelecimento de relações sólidas e presenciais na base.
Nas mídias sociais, onde é desenvolvida a maior parte do trabalho das seções, os dirigentes podem ajudar a repercutir e aumentar o alcance da informação curtindo, comentando, compartilhando e marcando (CCCM, sigla da interação nas redes sociais). Além disso, fora da internet, valorizar os materiais impressos do sindicato, levando-os aos trabalhadores e utilizando-os como elemento concreto para fazer política no diálogo cara a cara.
O uso das mídias digitais, além de pauta do encontro, foi debatido, em caráter de formação, às vésperas do ECOS, no dia 22 de setembro, durante o Curso de Mídias Digitais, Internet e suas possibilidades, ministrado por Mário Camargo, do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC). Importante atentar que estes recursos (Facebook e Whatsapp, por exemplo), mesmo possibilitando considerável difusão de ideias e disputa ideológica, possuem donos e interesses específicos, são produtos de grandes corporações internacionais que objetivam a manutenção do atual sistema de exploração e opressão, que é o capitalismo. Sendo assim, diante do preocupante estado de exceção enfrentado pelos trabalhadores, é preciso refletir e elaborar políticas para aumentar a vigilância contra os ataques de haters (usuários que difundem o ódio na rede), resguardar a privacidade dos usuários e também a segurança na web.
Por fim, apontou-se como necessária a manutenção do constante debate e reflexão sobre a política de comunicação sindical, a partir da garantia de ECOS anuais que aprofundem e formem profissionais e direções sindicais para a luta e a disputa de ideias.
É chegada a primavera, a primavera da comunicação no SINASEFE e em suas Seções Sindicais. As perspectivas no horizonte são semelhantes às desta bela estação do ano: reflorescer e preparar-se para a reprodução, marcada pela diversidade. Ousar reproduzir, diariamente, as ideias e anseios da luta por um mundo onde sejamos “socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres”.
Resoluções sistematizadas e aprovas pelos participantes ECOS (serão encaminhadas aos fóruns deliberativos da entidade):
I Sindicato Nacional
1- Criar GTs de Comunicação: no SINASEFE e nas Seções Sindicais;
2- Atualizar o Plano de Comunicação e encaminhar para aprovação em Plenária e/ou Congresso;
3- A equipe de comunicação do SINASEFE deve ser formada por dois(duas) jornalistas, um (uma) designer e um(uma) técnico(a) em audiovisual para evitar desvios de função e sobrecarga aos trabalhadores da equipe.
4- Iniciar o debate sobre a modificação da logo do SINASEFE;
5- Criar uma rotina para interação com os profissionais administrativos e melhorar a comunicação interna;
6- Indicar a participação do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF) em uma PLENA para complementar o debate iniciado no ECOS em relação às legislações trabalhistas;
II Comunidade de Comunicação SINASEFE
1- Realizar Encontros Regionais de Comunicação;
2- Preservar o fazer jornalístico em relação às disputas políticas das gestões, entendendo que os profissionais de comunicação são das entidades e não das gestões;
3- Criar um repositório/ambiente virtual com materiais do SINASEFE e Seções Sindicais/sindicatos;
4- Construir dois manuais colaborativos de comunicação do SINASEFE. Um manual interno para as Seções com estrutura de comunicação: explicar, dentre outros temas, a contratação adequada de profissionais e suas respectivas atribuições. Um manual interno para Seções sem estrutura de comunicação: explicar a importância de profissionais e formação técnica, além de dar dicas de iniciativas que podem auxiliar na comunicação com sindicalizados;
5- Vincular os Planos de Comunicação às entidades e não às suas gestões;
III Encontro de Comunicação do SINASEFE – ECOS
1- Efetivar o ECOS como evento anual do calendário do SINASEFE;
2- Estabelecer que as Seções Sindicais (SS) não devem remunerar seus profissionais de comunicação abaixo do piso salarial estadual. As SS menores que puderem contratar profissionais de comunicação devem pagar o piso estadual. Que as SS intermediárias debatam condições de pagar o piso da carreira PCCTAE para o cargo em questão. Que as grandes SS iniciem o debate sobre a possibilidade de pagar o piso salarial proposto pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj);
3- Realizar o 2º ECOS no primeiro semestre de 2018;
4- Que o próximo ECOS debata conteúdo, tenha um temário e fale de outros profissionais de comunicação;
5- Reforçar a participação dos dirigentes na organização e divulgação do ECOS;
6- Promover formação na programação do 2º ECOS (ex: curso NPC);
7- Aprovar a Carta do ECOS, divulgada em conjunto com estas resoluções.
IV Trabalho
1- Reforma trabalhista, aqui não! Orientar ao SINASEFE e SS a não aplicação das reformas que retiram direitos;
2- Lutar por estabilidade e plano de carreira para os trabalhadores do SINASEFE e de suas seções sindicais tendo como modelo a Seção Sinasefe IFSC. Até que esse debate se concretize, garantir estabilidade em períodos congressuais/eleitorais.
Com informações das assessorias do Sindscope, SINASEFE Natal e SINASEFE Nacional