OPINIÃO | MAIS DE UM SÉCULO FORMANDO GERAÇÕES

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No último dia 23 de setembro, o IFRN – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (ex-ETFRN e ex-CEFET) completou 115 anos, representados por uma rica e edificante existência dedicada à formação de tantas gerações.

“Escola de Aprendizes Artífices” foi o seu primeiro nome. Ontem, meninos de seus bancos escolares, hoje homens públicos, profissionais liberais, líderes políticos, educadores, executivos empresariais, mas, também, gente humilde em seus honrados ofícios profissionais. Ela veio das margens do Potengi (antigo Hospital da Caridade), subiu para a avenida Rio Branco e, por opção comunitária, ergue-se agora, majestosa, na avenida Salgado Filho para, com braços maiores, mais filhos para acolher e educar.

Em 1909, ao regressar de uma viagem à Europa, para onde se deslocara com o propósito de conhecer o progresso e as novidades do então chamado mundo moderno, o então Presidente da República, Nilo Peçanha, assinou decreto, no dia 23 de setembro daquele ano, criando em cada Estado brasileiro uma escola destinada ao ensino profissional. Em seu discurso de inauguração, dessa extraordinária obra educacional, o presidente declarou emocionado: “O Brasil de ontem saiu das academias, o de amanhã sairá das oficinas”.

No começo, pelo seu forte caráter socioeducativo, ao assistir seus alunos mais carentes com alimentação e livros, o elitismo hipócrita da época lhe fez preconceituosas restrições. Mas, logo depois, deixou de ser considerada a “escola dos filhos dos outros”, para ser a “escola dos nossos filhos”.

Essas tradicionais instituições educativas, em que pesem as várias denominações que receberam ao longo do tempo, são os estabelecimentos de ensino profissionalizante mais antigos do Brasil, e os primeiros na aprendizagem das “artes e ofícios” a surgirem no início do século XX. Na área específica da educação, as Escolas Técnicas Federais (atualmente IFRNs) presenciaram todas as transformações e reformas que ocorreram, até hoje, na estrutura do ensino brasileiro. Muitos foram os seus dirigentes e professores que não estão mais entre nós, cujas contribuições, para o aperfeiçoamento educacional e administrativo, encontram-se inscritas nas páginas do livro da gratidão e do reconhecimento. Os homens passam, as Instituições ficam.

Durante a década de oitenta, em plena efervescência do questionamento sobre a educação brasileira, o então Ministro da Educação, Rubem Ludwing, em visita à ETFRN, afirmou: “Nesta, e em outras viagens que tenho feito, pelo Brasil, tenho sido assediado pela imprensa sobre a Educação em nosso país, e hoje aqui, em Natal, um jornalista me indagava se a Educação vai mal no Brasil. Gostaria que esse jornalista visitasse esta escola, para que tivesse aqui resposta a essa indagação. Que visse aqui, sobretudo, não apenas a Escola nas suas instalações físicas, a Escola com seus professores, a Escola que é um orgulho da rede de Escolas Técnicas Federais, mais que visse, sobretudo, algo que tenho insistido sempre que me surge a oportunidade: que visse o estado de espírito de quem aqui trabalha”.

Eu tenho muito orgulho de ter sido aluno e professor desse modelar estabelecimento educacional. Quem estudou, seja na Escola Industrial de Natal, na ETFRN, no CEFET ou no IFRN, não importa o nome, criou dentro de si um profundo sentimento de afeição àquela comunidade escolar. Idealismo e solidariedade ajudaram a estabelecer indissolúveis laços de amizade com seus colegas, dirigentes e professores. Eu diria que ser ex-aluno dessas Escolas é como receber, na pia batismal, o sacramento de uma “religião” que une formação técnica e humanismo. Uma inesquecível identidade-símbolo que se projeta na vida de cada um através do tempo, mundo afora.

ALCYR VERAS
Economista e Professor Universitário

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